segunda-feira, 11 de junho de 2012

Palavras de esperança



Palavras de esperança

Se não admites a sobrevivência após a morte, interroga
aqueles que viram partir os entes mais caros.
Inquire os que afagaram as mãos geladas de pais afetuosos,
nos últimos instantes do corpo físico; sonda a opinião das viúvas
que abraçaram os esposos, na longa despedida, derramando as
agonias do coração, no silêncio das lágrimas; informa-te com os
homens sensíveis que sustentaram nos braços as companheiras
emudecidas, tentando, em vão, renovar-lhes o hálito na hora
extrema; procura a palavra das mães que fecharam os olhos dos
próprios filhos, tombados inertes, nas primaveras da juventude
ou nos brincos da infância... Pergunta aos que carregaram um
esquife, como quem sepulta sonhos e aspirações no gelo do
desalento, e indaga dos que choram sozinhos, junto às cinzas de
um túmulo, perguntando por que...
Eles sabem, por intuição, que os mortos vivem, e reconhecem
que, apenas por amor deles, continuam igualmente a viver.
Sentem-lhes a presença, no caminho solitário em que
jornadeiam, escutam-lhes a voz inarticulada com os ouvidos do
pensamento e prosseguem lutando e trabalhando simplesmente
por esperarem os supremos regozijos do reencontro.
*
Se um dia tiveres fome de maior esperança, não temas, assim,
rogar a inspiração e assistência dos corações amados que te
precederam na grande viagem. Estarão contigo, a sustentar-te as
energias, nas tarefas humanas, quais estrelas no céu noturno da
saudade, a fim de que saibas aguardar, pacientemente, as luzes
da alva.
Busca-lhes o clarão do amor, nas asas da prece, e, se nos
templos veneráveis do Cristianismo, alguém te fala de Moisés,
reprimindo as invocações abusivas de um povo desesperado,
lembra-te de Jesus, ao regressar do sepulcro para a intimidade
dos amigos desfalecentes, exclamando, em transportes de júbilo:
“A paz esteja convosco.”

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